Destaques, Opinião

Festival de Cannes ou Ilha de Caras? por Daniel Aguado

Postagem: 11/07/2022

Não quero parecer inconveniente ou, até mesmo, amargurado por não ter sido convidado para a festa. No entanto, para quem teve a oportunidade de acompanhar a participação de inúmeros executivos de marketing – anunciantes, agências e veículos de comunicação – pelas redes sociais, como eu, é possível que tenha se questionado: o que eles estavam fazendo por lá?

A reflexão é importante, pois ao exibirem uma avalanche de posts sobre as festas, os passeios em iates, os litros e mais litros de Champagne, dentre tantas outras delícias que a Côte d’Azur oferece; tendemos a reforçar um conceito muito consolidado no mercado corporativo sobre a alienação do marketing dos problemas reais das organizações. Quem nunca escutou ao longo da carreira: “vocês do marketing vivem em festas e em eventos, quase não trabalham”?

Uma pena esse efeito colateral de um momento tão importante da nossa atividade, especialmente, por reconhecer os projetos mais criativos e mais efetivos no mundo da comunicação, bem como, um espaço para a troca de conhecimentos e o compartilhamento de tendências. Infelizmente, vivemos num mundo onde o “ser” e o “parecer” ainda são bastante relevantes na construção das percepções externas.

Outro aspecto interessante desse festival é a ‘ressaca moral’ do after party e a infestação dos projetos de conteúdos com os melhores momentos do evento. Nesse caso, a edição permite focar apenas naquilo que estava sendo discutido dentro das plenárias, sem aparecer, ao menos, uma Veuve Clicquot ao fundo das imagens.

Não é para acabar com a festa de ninguém, mas para alertar sobre como alguns comportamentos podem, direta ou indiretamente, afetar a reputação de toda uma categoria de excelentes profissionais que, certamente, atuam de forma muito efetiva para para o sucesso das organizações e dos clientes. Afinal, no dia-a-dia, não há qualquer glamour nisso!

Por Daniel Aguado | http://danielaguado.com.br