Existem produções audiovisuais que viralizam junto à audiência por serem lançadas com um timing muito contextualizado com o momento. No início do isolamento social, por exemplo, a Netflix acertou ao liberar o filme “O poço”, uma ficção de terror que combinava muito com a questão de isolamento e de relacionamento com o próximo.
Novamente uma produção distribuída pela Netflix torna-se assunto e dessa vez é o “O Dilema das Redes” (título original The Social dilema), um longa que mistura dramaturgia com documentário e mostra os bastidores das redes e como elas mudam a nossa realidade.
Nas últimas 24 horas quantas fotos você viu? Quantos plays você deu? Quantos materiais consumiu e quantos influencers você engajou? Dificilmente você vai saber essas respostas mas, intuitivamente, você dedicou boa parte do seu dia para consumir conteúdos nas redes sociais.
A tecnologia deixou de ter o papel de ferramenta para se tornar um vício e um meio de manipulação. Faz parte da nossa rotina consumir e amparar as redes, afinal de contas, somos usuários delas.
Há apenas duas indústrias que chamam seus clientes de usuários: a de drogas e a de softwares. E por aí já vemos o peso e responsabilidade de manter essa cadeia ativa.
Muitas vezes consumimos materiais de forma passiva, sem questionamentos, e que geram uma sensação de satisfação. No entanto, é preciso saber o que estamos colocando para dentro da cabeça e como isso vai influenciar nosso futuro.
O filme, que para alguns foi considerado como alarmante e assustador e por outros como um exagero ou caminho sem volta, merece a nossa atenção, pois como é questionado nele: “Estamos treinando e condicionando uma geração inteira de pessoas que, quando se sentem desconfortáveis, solitárias ou com medo, usam chupetas digitais para se acalmar. E isso vai atrofiando nossa habilidade de lidar com as coisas.
Essa é uma provocação com a qual você não precisa se preocupar, pois aqui o julgamento não é sobre a sua forma e volume de consumo. Mas vale ficar atento a tudo, para que possamos reagir e interagir com/e nas redes da forma que desejamos e não como seres controlados.
Para quem já faz parte desse universo (eu mesmo!), o longa não apresenta novidades, mas é interessante ver qual é a reação das pessoas ao tomar conhecimento destes fatos, afinal de contas, nós estamos sendo monitorados não somente no ambiente online, mas ligados por diversos meios, como câmeras.
Entender o outro e as suas relações e pensamentos é a base para conseguir entender nós mesmos, o que gostamos, o que consumimos…. Vale o teste. Experimente desligar suas notificações por uma semana e veja como, intuitivamente, você irá se desconectar das redes sociais.
Por: Flávio Santos, CEO da MField
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