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Web Summit Rio foi um eterno embate entre Expectativa x Realidade, por Doug Monteiro

Web Summit Rio foi um eterno embate entre Expectativa x Realidade, por Doug Monteiro

Semana passada, arrisco a dizer que foi a mais importante do ano para os entusiastas da tecnologia e da inovação no Brasil. Mas será que o Web Summit Rio entregou o esperado? Após quatro dias intensos no Riocentro, saio com a sensação de que foi um embate constante de expectativa vs realidade, em alguns casos as surpresas foram positivas, em outros, nem tanto.

A organização sabia o que esperar?

A começar pela projeção de público. Se um dia a organização do evento divulgou que esperava cerca de 5 mil pessoas, a realidade superou demais a expectativa. Foram mais de 21 mil visitantes de cerca de 100 nacionalidades diferentes. Por um lado, isso é ótimo! Mostra o quanto os mercados do Brasil e da América Latina estão dispostos a voltar a fazer parte do circuito de inovação global e, quem sabe, exercer até certo protagonismo. Por outro lado, quando os números destoam tanto, a impressão que fica é que a organização não sabia muito bem o que esperar.

De toda forma, é sempre importante lembrar que, como se trata de uma primeira edição, precisamos relevar muita coisa, como, por exemplo, as constantes falhas técnicas, especialmente no áudio, que foram especialmente incômodas no primeiro dia, mas que continuaram ao longo de todo o evento. Trabalho com produção e sei o quão desafiador é um evento como esse, são vários layers de produção para gerenciar, mas fato é que quando as panes são tão recorrentes, o conteúdo e a experiência ficam comprometidas. Mesmo em alguns painéis em que tudo pareceu perfeito para o público, os palestrantes se queixaram da falta de retorno no áudio e da dificuldade em ouvir uns aos outros.

Fôlego novo para as startups

Mas também existiram momentos em que a realidade se igualou à expectativa. Como esperado, o evento entregou muito para os interessados em venture capital e startups. Muitas ideias brilhantes e inspiradoras, networking intenso e diversos conteúdos sobre o ainda incerto futuro do venture capital. Aqui, o destaque, merecidíssimo, ficou para a Jade Autism, a empresa desenvolveu um software para crianças e adolescentes com transtorno do espectro autista (TEA), e superou outras 973 startups na competição de pitch.

IA: sobre o assunto do momento, as mesmas perguntas sem respostas

Já quem estava ansioso pela grande pauta do ano até aqui, a inteligência artificial generativa, talvez tenha se decepcionado. Não pela falta de painéis e palestras sobre o assunto, não faltaram conteúdos e discussões. Mas acredito que as questões mais relevantes continuam sem respostas satisfatórias. Eu, particularmente, senti falta de mais conteúdos discutindo a IA a partir da perspectiva do direito e do copyright, por exemplo. A sensação é que as discussões sobre inteligência artificial no evento não fugiram tanto do que temos acompanhado pelas redes sociais: muita gente otimista com incontáveis possibilidades que estão se abrindo (como a visão trazida pelo australiano David Droga sobre IA e criatividade), e alguns fazendo contraponto a todo esse positivismo (como Cassie Kozyrkov, do Google). Mas, por mais que alguns cases e histórias inspiradoras tenham sido compartilhados, as discussões sobre os dilemas jurídicos, éticos e sociais que a IA está criando foram pouco aprofundadas.

Sem ESG, não há futuro

Outro assunto recorrente foi o ESG. Muitos palestrantes reforçaram que, cada vez mais, o olhar atento às questões de sustentabilidade ambiental e social será mandatório para qualquer empresa, mas foi interessante ver que muitos deram uma atenção especial à governança (a letra G da sigla), sem a qual, muitos dos esforços pela criação de uma economia realmente sustentável se perdem.

E por falar em sustentabilidade, um dos pontos altos do evento foi a conversa que rolou no Roundtable, com a Txai Suruí, coordenadora do Movimento da Juventude Indígena, sobre o papel da tecnologia na preservação da Amazônia.

Valeu a pena?

De forma geral, dá pra dizer que o Web Summit Rio entregou muito do que se esperava. Do ponto de vista de networking foi excelente, reunindo pessoas dos mais diversos setores e segmentos de mercado. Teve uma boa variedade de conteúdos, e o FOMO (fear of missing out) bateu forte, como sempre acontece em eventos como este. Mas as falhas técnicas, as filas intermináveis e até a dificuldade de se beber água atrapalharam a experiência. Isso sem contar nos inúmeros painéis e palestras em que o nome não tinha muito a ver com o conteúdo apresentado, gerando frustração nas pessoas que dedicaram algumas horas do seu dia para ver suas expectativas sendo aos poucos sendo frustradas pela realidade.

Mas, considerando que este foi só o primeiro Web Summit Rio, acredito que foi satisfatório e que, se a organização estiver atenta aos pontos de melhoria, o evento tem tudo pra decolar no Brasil. Saí com o cérebro fritando com informações para processar, cheio de assunto para conversar com meus companheiros de jornada, algumas frustrações e outras surpresas agradáveis. Até o próximo Festival!

Por: Doug Monteiro: fundador e CEO da produtora Conteúdo Urbano

 

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