Tensão entre IA e criatividade humana representa oportunidade única de moldar o futuro

Cannes Lions - Mustafa Suleyman, CEO da Microsoft AI, e Colleen DeCourcy,  ex-CCO e presidente da Wieden+Kennedy e ex-CCO Snap, debatem os avanços da Inteligência Artificial e como ela irá impactar a vida pessoal, rotinas de trabalho e definir novas lideranças.
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Mustafa Suleyman, CEO da Microsoft AI, e Colleen DeCourcy,  ex-CCO e presidente da Wieden+Kennedy e ex-CCO Snap, debatem os avanços da Inteligência Artificial e como ela irá impactar a vida pessoal, rotinas de trabalho e definir novas lideranças.

Os avanços da inteligência artificial irão definir o retrato de uma era e o futuro de pessoas, empresas, marcas e novas lideranças. Num dos mais aguardados painéis da programação do Cannes Lions dedicado à tecnologia mais debatida do momento, Mustafa Suleyman, CEO of Microsoft AI e co-fundador da DeepMind, e Colleen DeCourcy, ex-CCO e presidente da Wieden+Kennedy e ex-CCO Snap, fizeram um debate franco sobre como a nova tecnologia vem moldando tanto a indústria da comunicação quanto o mundo em geral. Suleyman, representando uma das empresas que mais investe no desenvolvimento de IA; e Colleen, como profissional de criação atuando como mediadora das questões, trouxeram os dois lados da história das tensões que existem hoje entre a inteligência artificial e a criatividade humana. Ambos concordam que esse conflito, mais do que um problema, deve ser visto como uma oportunidade única para se moldar o futuro para a convivência harmoniosa entre essas duas grandes forças.

O CEO da Microsoft AI contou que os modelos modernos de IA são treinados com um poder computacional massivo, exemplificado por cerca de 10 elevado à 26a potência. “Para contextualizar, isso equivale ao balanço de cada pessoa no planeta segurando uma calculadora, a cada segundo, a cada dia, por 400 milhões de anos, sendo um treino que durou três meses em um computador usando 100 megawatts de energia (cerca de 10% do consumo anual de Seattle)”, explicou. Segundo eles, as novas ferramentas de IA evoluem em fases: a primeira focada em reconhecimento (entender imagens, transcrever fala, reconhecer percepção), a segunda em gerar novos exemplos, e a próxima fase será a capacidade de gerar uma previsão em cada tempo, em uma sequência, de forma precisa, usando código, texto, imagens ou áudio, interagindo com IA ou humanos, para executar ações como construir um projeto ou fazer uma planilha.

A evolução tecnológica proporciona uma sinergia profunda entre a IA e a criatividade humana, permitindo que muitas habilidades humanas sejam construídas com o apoio da inteligência artificial, explorando novas partes do espaço do conhecimento e facilitando a produção de ideias e pensamentos, pois a fricção de produzir uma ideia e externalizá-la tende a se esvair completamente. Um exemplo é a incorporação da “gentileza” na resposta e na tonalidade da IA, visando uma comunicação mais humanizada, que reconheça e respeite o interlocutor, tratando as interações como discussões contínuas, em vez de meras trocas de perguntas e respostas. Essa abordagem está alinhada à necessidade de manter estilo, tonalidade e estética que ressoem com o público-alvo da marca, considerando que as pessoas, em geral, são sensíveis a esse aspecto.

Implicações Culturais e Transformações no Setor
Suleyman fez uma interessante analogia com revoluções históricas, como a invenção da imprensa ou a chegada do primeiro trem, destacando a tendência de resposta emocional intensa, e até agitada, às novas tecnologias, mas também o impacto transformador nos paradigmas sociais e organizacionais, que leva à superação dos temores iniciais. Segundo ele, a descentralização do “código” via linguagem natural democratiza o acesso às ferramentas de criação, permitindo que profissionais não técnicos interajam com computadores em linguagem natural, gerando código e aplicações em minutos, sem a necessidade de aprender linguagens matemáticas complexas, tornando a tecnologia mais acessível. O papel central do humano na supervisão e direcionamento das iniciativas tecnológicas é reforçado, com a tecnologia a serviço do ser humano. É crucial colocar o ser humano no centro dessa revolução para elevar, dar suporte e acelerar as habilidades humanas, garantindo uma superinteligência humanística que preserve a originalidade, o julgamento, a curadoria, o estilo, a tonalidade e a autenticidade que definem a identidade das marcas, explica.

A pressão sobre grandes organizações para acompanhar inovações em IA exige revisão e modernização constantes de APIs, pois muitos modelos estão se tornando abertos, e as comunidades vêm desenvolvendo aplicativos rapidamente, garantindo agilidade na execução de planos e campanhas, tornando o cenário mais competitivo. “É necessário preparar equipes e processos para operar em um nível mais elevado, com comunicação em linguagem natural e decisões estratégicas ampliadas por dados e insights gerados por IA. Este é o momento para os criadores desenvolverem e adaptarem essas ferramentas, pois não há desculpas para não utilizar esses modelos na vida profissional”, explica. A convergência entre tecnologias de IA e habilidades humanas será um diferencial competitivo crucial, em que a comunicação estratégica deve unir a precisão dos dados ao valor da intuição e da criatividade humanas. “O julgamento, a curadoria e o estilo continuarão a importar mais do que nunca, baseados na confiança e na estética que as pessoas valorizam”, afirma o Suleyman.

E, por fim, o avanço na automação de processos operacionais, com a redução dos custos de execução e de aquisição de conhecimento, libera recursos para o foco em metas estratégicas, como campanhas de alto valor agregado e maior engajamento com o público. “A geração instantânea de conteúdo e a facilidade para corrigir e ajustar ações em tempo real criam um cenário promissor para experiências de marca personalizadas e eficazes, permitindo a execução de planos completos, e não apenas ideias, o que representa um momento promissor para o futuro”, concluiu o CEO da Microsoft IA.

A cobertura do Marcas pelo Mundo em Cannes tem o patrocínio de Lew’Lara/TBWA, Artplan, JNTO, Central de Outdoor e Vox Haus.

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