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Já é tempo de falar em recuperação?

Já é tempo de falar em recuperação?

Muito se discute a respeito dos efeitos e impactos do COVID19 na economia, na saúde, nas atividades produtivas e no comportamento em geral das pessoas, mas pouco se fala ainda sobre estratégias de recuperação e que tipo de recuperação esperamos e queremos.

Os dados apresentados pela FMI apontam uma retração global no PIB de 3%, o Brasil terá 5,3% de retração, enquanto Portugal terá 8% neste ano de 2020. Segundo o próprio FMI, nunca se viu uma crise como essa, nem durante a Grande Depressão de 1929.

Ainda segundo o próprio FMI, caso a pandemia esteja controlada no segundo semestre de 2020, é possível que Brasil cresça 2,9% e Portugal 5% (capacidade de recuperação melhor que a brasileira) em 2021. Isso em um cenário ideal prevendo o fim da pandemia. No entanto, há aqueles que não acreditam em uma resolução tão imediata para essa crise de saúde que tem assolado o mundo.

No gráfico do Gazeta do Povo podemos entender melhor o histórico do PIB brasileiro de 2009 até 2019. Fora o grande avanço em 2010, onde a economia mundial como um todo estava decolando, os demais anos foram de queda, até encararmos a crise de 2014 até 2016, com uma pequena retomada em 2017.

Nosso histórico da última década não foi de grandes acertos econômicos ou mesmo sociais, apesar dos avanços inegáveis que tivemos.

A questão agora é que tipo de década teremos pela frente, o que esperamos da nossa sociedade, o que esperamos do mundo. Ainda iremos nos pautar pela quantidade de “riqueza” produzida? Essa, de fato, será a nossa medida? Fará sentido ainda pensar em relação ao que é produzido?

Creio que esses questionamentos, que são meus com meus botões, também estão despontando em outros lugares, em outros ambientes e em outras mentes.

Faz sentido voltarmos para sociedade que tínhamos antes? Aliás, será isso possível?

Pensando agora a partir do lugar de publicitário e psicanalista. Que tipo de comunicação e estratégias de marketing serão desenvolvidas pelas marcas, pensando em um cidadão que não está mais interessado em certos consumos supérfluos, em abundâncias desnecessárias e em relações superficiais?

As marcas que estão atuando socialmente conseguirão manter sua relevância ao ponto de se tornarem indispensáveis ao imaginário do cidadão?

Eu sei, são muitos questionamentos e poucas respostas. Só que essa é a nossa verdade atual, precisamos nos questionar e questionar muito não apenas como cidadãos, mas como sociedade, como marcas e como país.

Tudo indica que o cenário dos próximos meses não será muito animador, teremos grandes perdas econômicas, muitas mudanças comportamentais e embates políticos que já estão se desenhando com bastante evidência na esfera Federal e Estadual.

A dica para um alinhamento consistente parece ser manter o propósito da marca bem definido e explícito para todos, como um fio condutor das atitudes de branding, relacionamento e vendas. Por fim, há uma crescente onda de inovação social, isto é, inovações que não visam apenas o lucro, mas sim uma relação mais equilibrada com a sociedade retornando a ela melhorias sociais importantes.

Esta pode ser uma das respostas que estamos procurando: a inovação social. Melhorar a sociedade para ser um caminho de excelência para pessoas e marcas, ou seja, para todos. Fiquemos atentos ao que virá por aí.

 

Por:  Dr. Fábio Caim – publicitário, psicanalista, professor universitário (Cásper Líbero e Facamp) e sócio-consultor na Objeto Dinâmico – inteligência de marcas0

https://www.linkedin.com/in/fabiocaim/.

 

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Foto: Imagem de Jan Vašek por Pixabay