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Esse artigo é para você com mais de 40: mas também pode ser lido por você, com menos de 40

Artigo do Dr. Fábio Caim

Há idade para recomeçar? Há um tempo certo para se reinventar?

Perguntas complexas para quem já passou dos 40 e se encontra em caminhos múltiplos, diversos, divergentes de seus habituais e, possivelmente, cada vez mais instáveis. Não digo apenas sobre a instabilidade econômica e social que nos aflige nesses tempos nefastos, abordo também a instabilidade tecnológica, o seu impacto cultural e econômico em nossas vidas, nas formas como nos relacionaremos e como lidaremos com a própria realidade.

Viver na contemporaneidade é o que chamam de viver em um mundo VUCA – (volatility, uncertainty, complexity,ambiguity) e a nossa geração – 40 em diante – é uma geração que tem vivido toda a volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade possível desse mundo louco.

Passamos por diversos fatos históricos impressionantes: queda do muro de Berlim; fim da Guerra Fria; advento dos computadores pessoais; advento dos celulares; advento da internet; atentado às Torres Gêmeas; Guerra do Iraque; quebra de bancos; crise migratória; empolgação com as empresas .com; inflação; estabilidade inflacionária; aquecimento global; incríveis descobertas científicas; crescimento do PIB; deflação do PIB; Guerra da Ucrânia e por ai vai.

Uau e Ufa!

Quer dizer, nossa geração é a própria geração VUCA. Somos resilientes, consistentes, infelizmente, conservadores e, nos piores casos, extremistas, mas ainda assim buscamos alternativas possíveis para lidar com os desafios sempre grandiosos. Por outro lado, ainda estamos tentando nos encontrar como coletividade, como nação que pode se realizar em todos os aspectos possíveis, já que temos potencial para isso, entretanto, vivemos sim uma crise ética sem precedentes liderada por uma velha política desgastada e que se auto-alimenta da ignorância como objetivo educacional.

Apesar de tudo, a geração dos 40 em diante parece se reinventar, buscar alternativas de se reconstruir, se revalorizar em um mundo cada vez mais jovem, muito júnior e pouco experiente.

 “We are living through a fundamental transformation in the way we work. Automation and ‘thinking machines’ are replacing human tasks and jobs, and changing the skills that organisations are looking for in their people.” fonte: Workforce of The Future, disponível em https://www.pwc.com/gx/en/services/people-organisation/workforce-of-the-future/workforce-of-the-future-the-competing-forces-shaping-2030-pwc.pdf Em tradução livre: “Estamos vivendo uma transformação fundamental na forma como trabalhamos. Automação e “máquinas pensantes” estão substituindo tarefas e empregos humanos e mudando as habilidades que as organizações procuram nas pessoas”. Fomos pegos nesse movimento de transição, na esteira da substituição do trabalho humano pelo da máquina. Na verdade, esse movimento é herdeiro da própria Revolução Industrial, que com suas máquinas à vapor modificaram a forma de produzir e a mentalidade sobre a produção. A grande ressalva é que agora a substituição não é apenas do trabalho braçal, envolve também muito do trabalho intelectual. Por isso, aprender nunca foi tão vital à sobrevivência e permanência.

Deve-se aprender para permanecer e continuar relevante. Costumo dizer aos meus alunos (sou professor universitário), que meus avôs tiveram uma única profissão durante toda sua vida. Meu avô materno foi sapateiro e minha avó costureira e assim permaneceram, melhorando em suas profissões, transformando-se em incríveis artesãos, no entanto, sem nenhuma grande possibilidade de se reinventarem em outras atividades.

So what should we tell our children? That to stay ahead, you need to focus on your ability to continuously adapt, engage with others in that process, and most importantly retain your core sense of identity and values. For students, it’s not just about acquiring knowledge, but about how to learn. For the rest of us, we should remember that intellectual complacency is not our friend and that learning – not just new things but new ways of thinking – is a life-long endeavour.” said Blair Sheppard Global Leader, Strategy and Leadership Development, PwC (fonte: idem) Novamente, em tradução livre: “Então, o que devemos dizer aos nossos filhos? Fique à frente, você precisa se concentrar em sua capacidade de se adaptar continuamente, envolver-se com os outros nesse processo e, o mais importante, manter seu senso central de identidade e valores. Para os alunos, não se trata apenas de adquirir conhecimento, mas sobre como aprender. Para o resto de nós, devemos lembrar que preguiça mental não é nosso amigo e aprender – não apenas coisas novas, mas novas formas de pensar – é uma esforço para toda a vida.”

De fato, essa intuição sempre esteve presente no meu percurso – o aprendizado como um objetivo em si mesmo –, porém, o que antes não havia era a necessidade de encontrar novas formas de aprender, bastava o aprendizado em si.

Haja VUCA nessa história.

Fato é que a reinvenção é uma constante humana, é um processo de adaptação. Demorou milhares de anos, mas nos adaptamos à vida fora das árvores, criamos instrumentos, criamos linguagens e aumentamos nosso cérebro para sermos capazes de exteriorizar nossos aprendizados e mudar o mundo.

Quero dizer com isso que não apenas como espécie somos extremamente adaptáveis, mas também como indivíduos. Nós, sujeitos com mais de 40, temos uma bagagem histórica única, permeada pelos assuntos mais incríveis (no bom e mau sentido) que nos possibilitam ousar muitas coisas ainda.

Não há verdades ou tempos ideais para mudanças, fato é que cada mudança ocorre em sua exata hora, querendo ou não que ela aconteça. Portanto, se reinventar é mais do que um processo consciente é, também, fruto da necessidade e da insistência da própria realidade em nos conduzir para outros lugares, afastando-nos daqueles que já não nos servem mais.

Quando isso acontecer, escute o chamado, não haja em contrário e aproveite o movimento, afinal, tendo você mais de 40, com certeza, já passou por muita VUCA, então o que é mais uma.

Por: Dr. Fábio Caim –Coordenador Pedagógico no Instituto Mestre GP, Consultor na Objeto Dinâmico – inteligência de marcas e Professor Universitário

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