Diretamente do último dia do Festival Cannes Lions 2025, o Marcas Pelo Mundo conversou com dois grandes profissionais que respiram criatividade e negócios: Cainã Meneses, COO da JNTO, e Dilma Campos, CEO da Nossa Praia e CSO da B&Partners, que faz participação especial na cobertura deste ano. O papo mostrou como Cannes vem se consolidando não apenas como vitrine criativa, mas, sobretudo, como uma plataforma estratégica de negócios.
Para Cainã Meneses, a experiência no Cannes Lions 2025 reafirmou a importância do festival não apenas como palco de ideias ousadas, mas também como cenário onde se definem os rumos do mercado global. Ele destacou três pilares fundamentais que marcaram esta edição: o retorno do Brasil à cena de Innovation, a força da narrativa como ferramenta de negócios e a relevância das conexões profissionais estabelecidas durante o evento.
Entre os destaques dos cases de Innovation Lions, Cainã citou o projeto Baby Minder, criado pela agência OGILVY HEALTH de New York, mas que tem a participação de brasileiros na ficha técnica (BUMBLEBEAT São Paulo / FUTVRE FACTORY São Paulo / MOL São Paulo / WIDELABS Porto Alegre / LADO ANIMATION São Paulo). Trata-se de um móbile inteligente, posicionado sobre o berço, equipado com câmeras capazes de prever sinais de possíveis doenças, como indicadores de risco para transtorno do espectro autista. Para Cainã, que se prepara para a paternidade, o produto é exemplo claro de como tecnologia, criatividade e propósito podem se unir para oferecer soluções concretas às famílias, gerando impacto social e também novas oportunidades de mercado.
No campo das narrativas aplicadas aos negócios, Cainã compartilhou aprendizados sobre a criação de matrizes capazes de transformar histórias em produtos ou serviços inovadores, com enorme potencial de audiência e rentabilidade. Ele citou uma palestra de Kondzilla e Eco Moliterno, da Accenture. Como exemplo, explicou que ao unir narrativa e esporte, é possível criar algo como a Kings League. E que, ao combinar narrativa com música, poderia surgir o maior canal de funk do Brasil ou até do mundo.
Outro aspecto enfatizado por Cainã foi o valor das conexões humanas em Cannes. Para ele, o evento não é apenas sobre ideias criativas, mas sobre negócios, alianças e trocas que podem redefinir trajetórias profissionais e empresariais. Foi nesse contexto que surgiu sua conexão com Dilma Campos, cuja visão sobre ESG (Ambiental, Social e Governança) foi um dos pontos altos do encontro.
Na entrevista, realizada pela jornalista Elisangela Peres, Dilma Campos, trouxe uma perspectiva sobre o papel da sustentabilidade nos negócios. Para ela, um dos maiores avanços observados no Cannes Lions 2025 foi o posicionamento da sustentabilidade não apenas como fim em si, mas como elemento integrado ao processo criativo e ao desenvolvimento de novos produtos e negócios. Segundo Dilma, cada vez mais marcas e agências percebem que criar valor sustentável não é apenas uma questão de reputação, mas uma estratégia para ampliar mercados, reduzir custos e responder às demandas sociais e ambientais.
Dilma relembrou quando executivos de marketing relataram, pela primeira vez, que uma agência havia entregue, não apenas uma campanha, mas um novo produto como resposta a um briefing. Esse movimento, segundo ela, ganhou ainda mais força em 2025. Cases como o da Vaseline, no mercado asiático, ilustram como a publicidade está se transformando em motor de negócios ao propor soluções concretas.
O encontro também abordou o papel essencial da comunicação na viabilização de projetos disruptivos. Para Cainã, não basta ter uma boa ideia; é preciso saber para quem, como e onde comunicá-la. Dilma reforçou que, sem uma narrativa eficaz, mesmo soluções transformadoras, podem fracassar no mercado. Ela defendeu que, mais do que nunca, as agências precisam retomar seu papel histórico de resolver problemas reais dos negócios dos clientes, indo além das campanhas para atuar no cerne do desenvolvimento de novos produtos e serviços.
Para os dois profissionais, o futuro da indústria passa pela integração entre criatividade, propósito e modelo de negócios, onde publicidade e marketing deixam de ser custo para se tornar investimento estratégico.
Cainã também ressaltou sobre a persistência. Para ele, Cannes Lions é, também, um exercício constante de superação e reinvenção. Cada ano impõe a obrigação de pensar diferente, elevar o nível criativo e buscar performances ainda melhores, seja nos prêmios conquistados, seja nos resultados de mercado. Dilma, por sua vez, revelou que leva na bagagem uma visão renovada sobre o potencial do Brasil como protagonista global. Para ela, o país possui talento criativo de sobra para liderar transformações econômicas e culturais. Com a COP30 prevista para acontecer no Brasil, Dilma enxerga uma oportunidade única para o Brasil se afirmar como líder em narrativas sustentáveis que gerem novos negócios e impacto positivo real.
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