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Cannes Lions 2023 – A linguagem das favelas no palco do Palais. Entrevista com Celso Athayde

Cannes Lions 2023 - A linguagem das favelas no palco do Palais. Entrevista com Celso Athayde

“Favela não é carência. É potência”. Em entrevista ao Marcas pelo Mundo, o ativista social e fundador da Central Única das Favelas fala sobre sua palestra para o público do Cannes Lions, principal evento de propaganda do mundo. Celso comenta sobre o poder das favelas e de quanto ela deve ser incorporada não como ferramenta “do bem”, mas como uma poderosa estratégia de marketing.

Poder conviver e ver como o mercado se comporta e se movimenta, e contribuir para que a indústria faça uma reflexão sobre a imponência da favela tem sido gratificante para a CUFA e para seu fundador.

Miopia

Segundo Athayde, as marcas ainda não estão olhando a favela da forma como deveriam. “Mas, não dá para dizer que não há avanços, porque as marcas são feitas de pessoas. E elas estão, a cada dia,  entendendo mais. Infelizmente, muitas ainda olham para a favela como um lugar de carência e esquecem que aquelas pessoas consomem também. Ali, todos consomem absolutamente tudo”, reflete.

Para dar passos mais largos, é preciso que as marcas tenham mais sensibilidade de não olhar para as favelas como um lugar onde as pessoas precisam ser ajudadas, mas que precisam interagir com essas marcas.

Um país de 18 milhões de pessoas

Uma das grandes questões para o empresário é que algumas marcas ainda falam de uma forma equivocada com a favela. Para ter uma vantagem competitiva, segundo ele, é preciso estruturar melhor a relação entre a favela e o asfalto. “Quando olham para o Japão, as pessoas sabem que as pessoas se parecem, mas têm vidas completamente distintas. Quando olham para os pretos no Brasil, eles fazem produtos ou projetos para os pretos como se eles fossem todos iguais. No entanto, nós não somos iguais. E na favela é a mesma coisa.”, avalia.

E finaliza: “Não há como olhar para a favela, falar com a favela, como se aquelas pessoas gostassem das mesmas coisas. É preciso olhar para os pontos onde elas convergem”.

É necessário pensar o quanto a favela mobiliza de recursos ou quanto ela consome, pois isto é consequência de quanto ela produz. “Não precisamos que as marcas pensem em combater a desigualdade, pois as oportunidades fazem com que as pessoas naturalmente combatam isso na medida em que empreendem”.

Expo Favela Paris

Saindo de Cannes, Celso Athayde está agora a caminho de Paris para lançar, no próximo dia 22 de junho, a Expo Favela na cidade luz. “Quando eu viajo e conheço outros lugares, e montamos a CUFA nos países, eu percebo que se fala outra língua, tem outro dialeto, mas os códigos são os mesmos de quem vive em desvantagem econômica”. Então, criamos a Expo Favela, uma feira que tem como objetivo juntar os empreendedores da favela e os do asfalto”.

A Expo Favela já existe no Brasil e agora a CUFA está expandindo para Portugal (Lisboa), Estados Unidos (Nova Iorque) e agora na França (Paris).

Veja a entrevista:

 

A cobertura do Festival Cannes Lions 2022 tem o patrocínio de Central de Outdoor, Lew´Lara\TBWA, Artplan e E-Content Lab.
Apoio de Motorola, Chilli Beans e LG Gram.

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