Durante décadas, o marketing B2B foi sinônimo de racionalidade, performance e processos lineares de decisão. As estratégias se concentravam em destacar atributos técnicos, custos e eficiência, em suma, falar para empresas, não para pessoas. Mas o mundo mudou.
A transformação digital, somada às novas dinâmicas de consumo e relacionamento, está ressignificando o que significa “fazer negócios entre empresas”. O futuro do marketing B2B passa, inevitavelmente, por um reencontro com o fator humano.
Uma das maiores evidências dessa mudança está na quantidade crescente de interações digitais no universo B2B. Segundo relatório da Gartner, estima-se que, em 2025, 80% das interações de vendas entre fornecedores e compradores B2B ocorrerão em canais digitais. Além disso, em estudos recentes, 60% das negociações B2B já são baseadas em análise de dados.
Para responder a essa expectativa baseada em dados, as empresas precisam interpretar e responder com inteligência às expectativas dos clientes corporativos, especialmente considerando que muitos preferem conduzir suas próprias pesquisas e valorizam uma experiência de compra sem intervenção direta. Segundo a Gartner, uma parcela significativa dos decisores B2B prefere uma experiência de compra sem “intervenção” direta de representantes comerciais, priorizando conteúdos, avaliações externas e informações disponíveis digitalmente.
No Brasil, os sinais desse movimento também são claros. Um estudo apresenta que 78% das empresas B2B no país já utilizam ferramentas digitais em seus modelos de negócio, e mais de 63% das empresas brasileiras já manifestam foco em User Experience (UX) como parte estratégica de sua operação.
Esses dados têm implicações diretas para o marketing B2B. Eles reforçam que a comunicação deve ser autêntica, personalizada e centrada nas pessoas. Estruturas rígidas, focadas apenas em features, preço ou eficiência, já não bastam.
Afinal, por trás de toda empresa B2B existe um decisor, uma pessoa comum que, no seu dia a dia, também usa redes sociais para pesquisar, valoriza conteúdos personalizados e espera um reconhecimento individualizado, espelhando sua experiência como consumidor final. Mesmo entre empresas, a decisão de compra é, antes de tudo, uma relação humana, sustentada pela confiança, empatia, clareza no propósito, reconhecimento das dores e valorização do parceiro.
A tecnologia, portanto, não é antagonista do humano, mas sua facilitadora. As empresas que souberem usar dados, IA, automação e canais digitais de forma empática, enxergando o cliente como indivíduo, com medos, expectativas e necessidades individuais, terão vantagem competitiva. O diferencial estará em proporcionar experiências que gerem segurança, conexão emocional e sensação de valor genuíno.
Na Wake, por exemplo, entendemos que este não é um movimento futuro, mas uma realidade em curso. Nossa estratégia de marketing B2B e nossos produtos são desenhados para usar a inteligência de dados não apenas para métricas de performance, mas como alavanca para personalizar e humanizar a jornada, garantindo que o fator humano esteja no centro de cada interação com nossos parceiros e deles com seus clientes.
Também será cada vez mais relevante investir em culturas organizacionais que priorizem a experiência do cliente (CX) e a experiência do usuário (UX), inclusive nos processos internos. Organizações que mantêm barreiras entre marketing, vendas e atendimento tendem a ficar para trás, pois a percepção de incoerência ou de descontinuidade mina diretamente a confiança do consumidor.
O marketing B2B do futuro não consiste em fazer mais do mesmo com ferramentas digitais, mas sobre reconectar o humano nesse processo, com ajuda da tecnologia. A fidelização não virá apenas de boas ofertas, mas de relações construídas com empatia, transparência e consistência. As empresas que entenderem isso agora estarão adaptadas não apenas ao que o mercado pede, mas ao que os clientes realmente valorizam.
Por Mariana Tahan Ralisch, diretora de Marketing da Wake
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