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Fazer o bem, sem “postar” a quem!

Confira o artigo 'Fazer o bem, sem "postar" a quem!', escrito por Daniel Aguado.

O Rio Grande do Sul está atravessando uma das tragédias ambientais e humanitárias mais graves da história do nosso País, exigindo dos governos e da sociedade ações emergenciais e coordenadas na tentativa de minimizar os estragos causados. Por um lado, vimos uma impactante capacidade de mobilização em prol do povo gaúcho, incluindo a doação de roupas e de alimentos, acolhimento e suporte emocional, captação de recursos financeiros, entre tantas outras iniciativas. No entanto, no embalo dessa onda de solidariedade, também temos visto os “marqueteiros sociais” tirarem proveito dessa situação tão trágica, expondo com veemência as suas boas ações.

A tentativa de explorar comercialmente essa tragédia é algo estranho, mas não incomum para uma sociedade colapsada e muito ancorada no lifestyle das redes sociais. De artistas a influenciadores, de políticos a grandes marcas, parece que todo mundo resolveu aproveitar esse momento para expor as suas benevolências à sociedade de maneira exaustiva. Na prática, a sensação é que vale tudo: post no mar, release à imprensa, materiais de ponto de venda com a temática das enchentes e por aí vai.

Afinal, qual é o limite entre mostrar o seu bom exemplo e tentar tirar proveito comercial de um problema tão grave? Não tenho dúvida de que sem a mobilização das marcas e das celebridades, grande parte das doações obtidas não seriam possíveis. Porém, o ponto é o quanto deveríamos fazer esse tipo de ação sem a necessidade de contar para todo mundo que somos “bons” e nos preocupamos com a dor do outro. Parece bem complexo ser efetivo na ajuda emergencial e ainda construir uma narrativa institucional à conduta social das marcas e das celebridades, simultaneamente.

Certamente, o povo do Rio Grande do Sul será muito grato por toda essa mobilização em benefício dos mais afetados por essa tragédia, mas parece difícil que os gauchos e os demais brasileiros consigam se lembrar das marcas e dos influenciadores que ativaram o modo “bondade” durante esse período. A prioridade é ajudar e não propagar. E, mais do que isso, a emergencia está sendo contida mas aquela região precisará de apoio ao longo de muito tempo, de forma consistente e sustentável. As marca e os influenciadores estarão dispostos a ajudar, mesmo quando o assunto não estiver mais na pauta ou não for mais uma trend? Façam o bem, mas não precisamos postar para quem!

Daniel Aguado | linkedin.com/in/daniel-aguado

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