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Acessibilidade Digital: como sair da teoria para a prática?  por Amanda Lyra

Acessibilidade Digital: como sair da teoria para a prática?  Por Amanda Lyra

Existem diversos sites na internet com páginas sobre acessibilidade. Poucos, entretanto, levam o tema realmente a sério e dispõem de recursos que tornam seu conteúdo acessível para pessoas com deficiências. Entre os problemas mais comuns estão comandos de navegação por teclado que não funcionam, estrutura confusas e inacessíveis para tecnologias assistivas, ausência de canais de atendimento exclusivos para pessoa com deficiência (PcD), descrições de imagens genéricas e/ou inexistentes e uso de termos inadequados como “portador de necessidades especiais” ou “portador de deficiência”.

Acessibilidade é a qualidade daquilo que tem acesso fácil. No mundo digital, ela acontece quando eliminamos as barreiras na web, para que todas as pessoas possam perceber, entender, navegar e interagir com um conteúdo de forma plena e com autonomia. Atualmente, o Estatuto da Pessoa com Deficiência exige que sites mantidos por empresas sigam as recomendações de acessibilidade web, mas não há punição prevista em casos de descumprimento da exigência.

Contudo, a impunidade está com os dias contados. Recentemente,  o projeto de Lei 4238/21 que institui penas administrativas para empresas que não tenham sites acessíveis, já foi aprovado pela Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência e segue tramitando em caráter conclusivo. Entre as penalidades previstas estão advertência com indicação de prazo para adoção de medidas corretivas, multa diária com base no faturamento total da empresa e suspensão do site por prazo determinado.

Como profissional de marketing e pessoa com deficiência, tenho atrofia muscular espinhal e sou cadeirante, entendo que análises de acessibilidade em sites demandam conhecimento de diferentes formas de navegação pois precisa contemplar todos os tipos de deficiência e muitas marcas não investem em profissionais especializados para garantir que o discurso e a prática estejam alinhados.

Como esse assunto tem ganhado cada vez mais importância no ambiente digital, o mercado passou a ser invadido por ferramentas que prometem superar todos os desafios de acessibilidade na web. Em teoria, essas soluções eliminam todas as barreiras de navegação de sites de forma automática, definitiva, rápida, prática e com baixo custo. Infelizmente, este tipo de ferramenta não cumpre a maioria das promessas e não corrige por completo as questões mais fundamentais para navegação.

Além do que citei lá no início, as principais barreiras que dificultam o acesso de pessoas com algum tipo de deficiência aos sites são diversas. Imagens sem texto alternativo, vídeos sem legenda, conteúdos que não estão acessíveis via teclado, textos mal formatados, fontes muito pequenas, construção inadequada do código HTML, falta de skip links e âncoras que facilitem a navegação, elementos que não recebem o foco e ausência de conteúdo na Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS).

Agir de forma consciente significa investir em conhecimento especializado e validação humana. Nós, clientes com deficiências, estamos cada vez mais conscientes sobre nossos direitos garantidos por lei e consequentemente mais seletivos quanto às marcas e produtos que consumimos. Priorizamos empresas inclusivas que levantam nossas causas e investem em representatividade. Trata-se sobretudo da Conveniência, um dos quatro C’s que embasam o marketing.

E aí, vamos continuar conversando sobre acessibilidade na internet?

por Amanda Lyra, líder do time de acessibilidade da i-Cherry