Faltam poucos meses para a COP30 transformar Belém no epicentro das decisões climáticas globais. Enquanto isso, nas salas de reuniões corporativas do mundo todo, um paradoxo tecnológico se intensifica: como conciliar a revolução da inteligência artificial com a urgência de uma economia regenerativa?
A resposta não é simples, mas é urgente. A IA generativa já se tornou indispensável para empresas de todos os setores, personalizando campanhas, acelerando análises e otimizando operações. Contudo, por trás dessa eficiência sedutora, esconde-se um custo ambiental alarmante: treinar um único modelo de IA pode emitir mais de 500 toneladas de CO₂, equivalente a mais de um milhão de quilômetros rodados de carro, segundo pesquisadores do MIT.
Não se trata de ludismo digital. Em um mundo hiperconectado, rejeitar a tecnologia seria como nadar contra uma tsunami. A questão central é: como utilizá-la de forma consciente e estratégica?
Para marcas verdadeiramente conscientes, a IA deve ser uma aliada, não um vício. No varejo, por exemplo, ela tem espaço quando genuinamente aprimora a experiência do cliente, democratiza o atendimento e otimiza processos sem comprometer a autenticidade da empresa. Mas automatizar o que exige sensibilidade humana ou visão criativa pode significar perder exatamente o que diferencia uma marca no mercado saturado de hoje.
Esse dilema transcende setores. A consultoria EY alerta que a IA “promove eficiências e soluções inovadoras para desafios ambientais e sociais, mas também exige recursos significativos – já disputando o consumo energético de nações inteiras”. O paradoxo é real: a mesma tecnologia que pode otimizar cadeias produtivas e reduzir desperdícios também compete energeticamente com países.
A solução passa por diretrizes éticas claras que priorizem o propósito sobre conveniência. Significa questionar: essa aplicação de IA realmente agrega valor ao negócio e ao planeta, ou apenas satisfaz nossa ansiedade por inovação?
Com a COP30 reunindo lideranças globais no Brasil, a discussão sobre inovação tecnológica responsável ganhará protagonismo inédito. Será uma oportunidade histórica para definir como tecnologias emergentes podem ser genuínas aliadas, não ameaças disfarçadas, na construção de um futuro regenerativo.
O verdadeiro diferencial competitivo dos próximos anos não será quem usar mais IA, mas quem a usar melhor. Empresas que conseguirem equilibrar inovação tecnológica com responsabilidade ambiental não apenas sobreviverão – prosperarão em uma economia onde propósito e performance caminham juntos.
O desafio está lançado: fazer com que cada linha de código escrita contribua para um planeta mais saudável. A inteligência artificial pode ser nossa maior aliada nessa jornada, desde que tenhamos a sabedoria de colocar consciência à frente da pressa.
Por Olívia Araújo, brand manager da Linus, marca de lifestyle sustentável.
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