Por que medir “Share of Search” errado é pior do que não medir

Confira o texto "Por que medir "Share of Search" errado é pior do que não medir", escrito por Ricardo Monteiro, COO e CSO da Tunad.
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Nos últimos anos, o Share of Search, a proporção das buscas por uma marca em relação ao total de buscas do seu segmento, se tornou um dos indicadores mais comentados do marketing moderno. Ele promete antecipar tendências de mercado, servir como termômetro de marca e até prever market share. Mas há um ponto essencial que muitas análises ignoram: não adianta medir se forma errônea.

Alguns pontos que devem ser analisados:

O erro começa na base: volume e relevância dos dados

O primeiro cuidado é avaliar se o volume de buscas de uma categoria é suficiente para gerar resultados estatisticamente confiáveis. Categorias de compra rápida ou com baixo volume de marca simplesmente não produzem dados robustos. Se o universo de buscas é pequeno, a correlação entre Share of Search e Share of Market se perde — o que gera conclusões ilusórias. Em outras palavras: sem massa crítica de dados, qualquer variação parece grande, mas é só ruído.

Problemas de significado e contexto

Outro erro recorrente é não tratar adequadamente o “double-meaning problem”. Marcas com nomes ambíguos ou genéricos podem ter seu Share of Search inflado por buscas não relacionadas ao negócio. Além disso, há o “other effects problem” — picos de busca provocados por crises, polêmicas ou influenciadores, que aumentam a visibilidade momentânea, mas não refletem crescimento de marca. Por isso, a análise de Share of Search precisa ser acompanhada de contexto: campanhas ativas, PR, menções espontâneas e o tipo de interesse gerado. Sem esse filtro qualitativo, o indicador se torna um espelho distorcido.

Frequência e granularidade importam

Usar dados mensais é outro erro comum. Para captar tendências reais, é necessário observar buscas diárias, permitindo entender como eventos e campanhas específicas impactam o interesse de forma imediata e sustentada. A agregação excessiva dos dados dilui sinais relevantes e pode mascarar tanto oportunidades quanto crises.

Correlação não é diagnóstico

Encontrar uma correlação entre Share of Search e vendas é apenas o ponto de partida. O verdadeiro valor está em diagnosticar por que a busca aumentou ou caiu — e se isso está ligado a mídia, reputação ou comportamento do consumidor. Sem essa investigação, marcas correm o risco de tomar decisões com base em sintomas, não em causas.

Medir bem é medir com método

Medir Share of Search corretamente exige:

– Dados de busca em volume suficiente (“research grade data”);

– Separação entre ruído e sinal, considerando contexto de mídia e PR;

– Correção de ambiguidade em nomes e termos;

– Análise temporal detalhada (preferencialmente diária);

– Cruzamento com indicadores de share of voice, investimento e vendas.

O Share of Search é uma ferramenta poderosa — mas só quando aplicada com rigor metodológico. Medir de qualquer forma, com dados insuficientes ou interpretações simplistas, não apenas gera ruído, mas distorce a visão sobre o que realmente move o interesse do consumidor. Em métricas de marca, como em ciência, a precisão vale mais do que a pressa.

Por Ricardo Monteiro, COO e CSO da Tunad

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